Apesar de já estarmos no mês três, muitos dizem que o ano efetivamente só começa depois do Carnaval. Tal afirmação vem sendo reproduzida por anos, talvez pelo fato de os primeiros dois meses do ano serem destinados às férias escolares, dos parlamentares e de uma grande parte da população que aproveita esse período para descansar e desfrutar o sol e o calor, na serra ou junto ao litoral. Ou, talvez, pelo fato do mês de fevereiro ter em seu calendário a maior festa popular do Brasil, que atrai turistas do mundo todo, que vêm para curtir o sol, as praias, o samba, a Cidade Maravilhosa e a hospitalidade do povo brasileiro. Contudo, segundo os dados da Trading Economics, fornecidos pelo Banco Central do Brasil, entre 2016 e 2018, o período referente ao Carnaval apresentou uma inclinação produtiva positiva, demonstrando uma forte recuperação de um outro período - esse sim bem pouco produtivo, que foi o mês de dezembro, dados que demonstram que o nosso país não é improdutivo nesse período.
No entanto, passado o Carnaval, acaba o horário de verão, o sol muda de posição, sua luz e calor não são mais tão intensos e a vida urbana tende a voltar ao seu ritmo normal intenso. Neste ano, em especial, com novos governantes estaduais e federais, eleitos pelo voto popular. Pelos seus discursos de campanha, temos a certeza de que todos estão sabendo o que precisam fazer para melhorar a vida da população, o problema está no como fazer, para que o discurso saia do papel e passe para ações práticas.
Mesmo passados apenas dois meses do início dos mandatos eletivos, já podemos constatar que muitos dos compromissos divulgados em campanha foram esquecidos. Novas promessas de mudanças surgem, diariamente, porém, muitas delas, com velhas estratégias de implantação. Soluções mágicas também são divulgadas, contudo, algumas com pouco fundamento e outras já experimentadas e descartadas.
O que acompanhamos pelos veículos de comunicação, nesses poucos meses, é pouca habilidade e muito jogo de vaidades para implementação das mudanças necessárias para a retomada do crescimento. Mas, a inabilidade para propor mudanças, a falta de diálogo e as contrariedades sem fundamento não são novidades para quem acompanha a movimentação política de nosso país. Inclusive, tal movimentação faz lembrar as palavras do escritor, diplomata, contista e médico brasileiro Guimarães Rosa, no livro Grande Sertão Veredas, que diz: "Todo caminho da gente é resvaloso. Mas também cair não prejudica demais, a gente levanta, a gente sobe, a gente volta! O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
Sabemos que algumas mudanças são necessárias, o problema é que, de tanto constatarmos que muitas delas tiveram efeito contrário ao proposto e a situação piorou, desconfiamos de tudo. Nossa desconfiança tem uma explicação: é o resultado da falta de líderes sérios, com respeitabilidade, que efetivamente sejam conhecedores e dominem o do que estão propondo e, principalmente, que tenham o poder de convencimento, de que a sua proposta é a solução para o problema.
Por outro lado, só conheceremos nossos líderes acompanhando, agora, as suas ações práticas, sendo participativos e tendo a consciência de que as mudanças positivas e importantes somente ocorrerão após muitas discussões e conflitos e que esses são indispensáveis para o crescimento. Então, é preciso ter coragem!